março 25, 2020

Relato de uma mãe obrigada a trabalhar na quarentena


O sentimento de uma mãe que não pode estar com o seu filho na quarentena.




No início do Ano, todos nós fizemos as nossas listas de objetivos para 2020. Fizemos contas ao nosso orçamento para saber como o gerir da melhor forma, para assim conseguir orientar também a nossa vida financeira. E claro, sempre dissemos “este ano é que vai ser”. Infelizmente está a acontecer tudo ao contrário. É certo que não prevíamos que esta pandemia ia chegar a Portugal. Mas chegou!

Para quem não sabe o Valentim ainda não está na creche. Está com a avó do André e só em setembro vai para o infantário. O Valentim ainda ficou algum tempo com a avó depois do vírus entrar no nosso país mas depois achamos por bem, entre mim e o André, um de nós ficar com ele em casa. Pois o Valentim não é considerado doente de risco, mas os avós pela idade são. Não acontece só aos outros e involuntariamente poderíamos transmitir o vírus aos avós, o que assim conseguimos prevenir. 

Decidimos então que eu ficaria  em casa com o menino. Já tinha metido os papeis na empresa para ficar com o Valentim, até que a empresa do André decidiu que era melhor fechar para prevenção da saúde dos funcionários. Assim veio o André para casa tomar conta do Valentim.
A empresa onde trabalho é do setor industrial pelo que não foi obrigada a fechar. Desta forma neste período de medo em que vivemos,  eu tenho de continuar a minha atividade profissional e não posso estar em casa com o meu filho.

Eu sei que ele com o Pai está bem. Mas não deixo de ficar com o coração nas mãos quando saio de casa. Não só pelo Valentim, mas também pelo André. Afinal, eu continuo a ser obrigada a andar na rua, e por muitos cuidados que eu tenha, posso ficar contaminada com este vírus e levá-lo para casa.
Com este texto quero apenas deixar a mensagem, para aproveitarem este tempo que estão em casa com os vossos filhos, para os aproveitarem ao máximo. Eu sei que é cansativo. Eu sei que chegam a um ponto que já não sabem o que fazer. Mas lembrem-se  que eles não têm culpa de tudo o que está a acontecer.  Eles são o melhor que temos. E acreditem que eu dava tudo para estar com o meu filho em casa. Mas não posso! Então só me resta abraçá-lo e brincar muito com ele assim que entro na porta de casa. Porque sei que aquele momento é para nós!

Para que todos possamos viver livres outra vez e sem medos. Por favor fiquem em casa. Esta nuvem negra que paira em cima da nossa cabeça vai passar,  e nós vamos poder voltar às nossas rotinas e à nossa vida comum.